Buenos Aires, Viernes, 31 de Marzo
7 febrero, 2022 20:03 Imprimir

Despachante aduaneiro – Responsabilidade inerente ao desembaraço da carga – Direito comparado (Brasil / Argentina) – Ad Marcel Nicolau Stivaletti (desde Brasil)

 

Nas oportunidades em que fomos instados a realizar defesas em favor de despachantes aduaneiros sempre buscamos fazer com que o julgador atinasse para a essência de sua atividade, ou seja, o desembaraço aduaneiro da carga.

Os argumentos para tanto, grosso modo, estavam embasados na própria condição do Despachante Aduaneiro, aquele que realiza o regular desembaraço aduaneiro de mercadorias, e o faz na condição de mandatário do beneficiário do transporte. Trata-se, pois, de típica relação de mandato, prevista no Código Civil Brasileiro:

Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.

Em que pese a letra da lei se bastar, impende conjugar o dispositivo em referência com a definição emprestada pelo Regulamento Aduaneiro do Brasil, Decreto nº 6.759/2009:

Art. 809.  Poderá representar o importador, o exportador ou outro interessado, no exercício das atividades referidas no art. 808, bem assim em outras operações de comércio exterior: (…) IV – o despachante aduaneiro, em qualquer caso.

O grifo ao dispositivo do Regulamento Aduaneiro é nosso e proposital, para ressaltar que a norma, inegavelmente, erige o despachante à condição de representante do importador ou exportador.

A despeito dos fundamentos pautados em normas vigentes no Brasil, o Poder Judiciário não enxerga o Despachante Aduaneiro como uma figura sui generis em meio à dinâmica do comércio exterior. Em verdade, as decisões o tratam – equivocadamente, com a máxima vênia – como um interveniente da relação de transporte.

Conquanto praticamente uníssona a posição do judiciário brasileiro, a ANTAQ – Agência Nacional de Transportes Aquaviários -, órgão de regulação do setor, trouxe outra perspectiva, no sentido de eximir o Despachante Aduaneiro da responsabilidade pela sobre-estadia de contêiner:

“(…) A esta altura, uma vez enfrentada a questão pela ANTAQ e restando claro que o despachante aduaneiro não participa da formalização do contrato de transporte marítimo internacional – e que por conta disso não deve ser instado a responder por questões diretamente ligadas ao transporte da carga, como é o caso da demurrage -  entendo ser de bom tamanho determinar que as empresas que assim procedam se abstenham de prosseguir com a prática de responsabilização solidária dos despachantes por questões alheias ao seu nicho de atividades, cuja natureza cinge-se primordialmente à nacionalização da carga. (…)” (Processo nº 50300.016021/2021-73)

A Diretoria Colegiada da ANTAQ ainda consignou que a responsabilização solidária dos despachantes aduaneiros pelo pagamento da demurrage representa conduta abusiva e não aderente às boas práticas comerciais, sem paralelo no mercado internacional.

A Diretora Flavia Takafashi, em nosso sentir, foi cirúrgica ao pontuar que o despachante não responde pela demurrage de contêiner, porque “não participa da formalização do contrato de transporte”. São poucas palavras, mas bastante reveladoras para evidenciar a cisão que deve se estabelecer entre transporte e desembaraço aduaneiro.

E, dado o entendimento exarado pela Agência Reguladora, retomamos o nosso raciocínio do início para reiterar a posição que conjuga o artigo 653 do Código Civil Brasileiro com o Regulamento Aduaneiro. Acentuamos, sobretudo, o disposto no Regulamento Aduaneiro e na remissão feita na decisão da ANTAQ (“… sem paralelo no mercado internacional…”), para neste momento fazer uma incursão no que dispõe o Código Aduaneiro Argentino (Lei 22.415/1981) acerca do Despachante Aduaneiro:

ARTICULO 65. – “Los agentes del transporte aduanero son responsables por los hechos de sus apoderados generales, dependientes y demás empleados en cuanto sus hechos se relacionaren con las operaciones aduaneras y se les podrá aplicar las sanciones previstas en el artículo 64, a cuyo efecto y cuando correspondiere serán parte en el sumario” (Agente Transporte Aduanero).

Para o direito brasileiro, tomando como lastro a definição dada pelo dito Regulamento (Decreto nº 6.759/2009), o Despachante Aduaneiro representa o importador ou exportador, a fim de viabilizar os trâmites da carga perante a Aduana. Em nada difere, pois, do estabelecido na norma aduaneira argentina, que expressamente delimita sua responsabilidade às operações aduaneiras.

A “ousadia” da nossa intromissão no Direito Aduaneiro Argentino deu-se em razão dos subsídios que recebemos do colega advogado e amigo Marcelo Antonio Gottifredi, que nos municiou de material e ensinos sobre essa vertente especializada do direito. Fica aqui nosso agradecimento, Marcelo, mais uma vez.

A “delimitação” que ora no Brasil emerge por meio de uma decisão administrativa de um ente técnico (ANTAQ), na Argentina é encontrada, de forma salutar, expressamente no próprio Código Aduaneiro.

A conjugação dos dispositivos vigentes no Brasil sempre nos instou a propugnar a ausência de responsabilidade dos despachantes aduaneiros diante das cobranças de sobre-estadia de contêiner. A recente decisão da ANTAQ veio corroborar o entendimento nesse sentido. A análise da norma argentina – aqui adotada como elemento comparativo de estudo – também aponta que o despachante responde tão somente pela essência de sua atividade, nada além das circunstâncias concernentes ao desembaraço da carga.

Versión español

Agente Aduanal – Responsabilidad inherente al despacho de carga – Derecho comparado (Brasil / Argentina)

En las ocasiones en que se nos instó a hacer defensas a favor de los agentes de aduana, siempre tratamos de poner en conocimiento del juez la esencia de su actividad, esto es, el despacho aduanero de la carga.

Los argumentos para ello, a grandes rasgos, se basaban en la condición misma del Despachante de Aduana, aquel que realiza el despacho aduanero ordinario de las mercancías, y lo hace en la condición de agente del beneficiario del transporte. Se trata, por tanto, de una típica relación de mandato, prevista en el Código Civil brasileño:

Art. 653. El mandato surte efecto cuando alguien recibe de otra persona poderes para, en su nombre, realizar actos o administrar intereses. El poder es el instrumento del mandato.

A pesar de la letra de la ley, si es suficiente, es necesario combinar el dispositivo en cuestión con la definición prestada por el Reglamento de Aduanas de Brasil, Decreto N° 6.759/2009:

Art. 809. Puede representar al importador, exportador u otro interesado, en el ejercicio de las actividades a que se refiere el art. 808, así como en las demás operaciones de comercio exterior: (…) IV – el agente de aduana, en cualquier caso.

El énfasis en la disposición del Reglamento Aduanero es nuestro y propositivo, para resaltar que la norma, innegablemente, eleva al corredor a la condición de representante del importador o exportador.

A pesar de los fundamentos basados ​​en las normas vigentes en Brasil, el Poder Judicial no ve al Despachante de Aduana como una figura sui generis en medio de la dinámica del comercio exterior. De hecho, las decisiones lo tratan –erróneamente, con el máximo respeto– como actor en la relación de transporte.

Aunque la posición del poder judicial brasileño es prácticamente unísono, la ANTAQ – Agencia Nacional de Transporte Acuático -, el ente regulador del sector, trajo otra perspectiva, en el sentido de eximir al Agente de Aduana de responsabilidad por estadía de contenedores:

(…) Llegados a este punto, una vez abordado el tema por la ANTAQ y queda claro que el agente aduanal no participa en la formalización del contrato de transporte marítimo internacional -y que, por ello, no debe ser solicitan responder por cuestiones directamente relacionadas con el transporte de carga, como es el caso de las sobreestadías -creo que es conveniente determinar que las empresas que así lo hagan se abstengan de proceder con la práctica de corresponsables de los transitarios por cuestiones fuera de su nicho de actividades, cuya naturaleza se limita principalmente a la nacionalización de carga. (…)” (Expediente N° 50300.016021/2021-73)

La Junta Colegiada de la ANTAQ también manifestó que la responsabilidad solidaria de los agentes aduanales por el pago de estadías representa una conducta abusiva y no se apega a las buenas prácticas comerciales, sin precedentes en el mercado internacional.

La Directora Flavia Takafashi, a nuestro juicio, fue quirúrgica al señalar que el transitario no es responsable de la sobreestadía del contenedor, porque “no participa en la formalización del contrato de transporte”. Son pocas palabras, pero bastante reveladoras para mostrar la división que debe establecerse entre transporte y despacho aduanero

Y, dado el entendimiento expresado por el Organismo Regulador, retomamos nuestro razonamiento desde el principio para reiterar la posición que combina el artículo 653 del Código Civil brasileño con el Reglamento de Aduanas. Resaltamos, sobre todo, lo dispuesto en el Reglamento Aduanero y la referencia que se hace en la sentencia de la ANTAQ (“… inigualable en el mercado internacional…”), a fin de incursionar en lo dispuesto en el Código Aduanero Argentino. (Ley 22.415/ 1981) sobre el Despachante de Aduana:

ARTICULO 65.- “Los agentes de transporte aduanero son responsables de los bienes de sus empleados generales, dependientes y demás empleados cuando sus bienes estén relacionados con operaciones aduaneras y si pueden aplicar las sanciones previstas en el artículo 64, cuyo efecto es cuando los corresponsales sean parte del sumario” (Agente de Transporte Aduanero).

Para la legislación brasileña, con base en la definición dada por dicho Reglamento (Decreto nº 6.759/2009), el Despachante de Aduana representa al importador o exportador, con el fin de facilitar el trámite de la carga ante la Aduana. No difiere, por tanto, de lo establecido en la norma aduanera argentina, que delimita expresamente su responsabilidad a las operaciones aduaneras.

La “osadía” de nuestra incursión en el Derecho Aduanero argentino se debió a los subsidios que recibimos del colega abogado y amigo Marcelo Antonio Gottifredi, quien nos brindó material sobre este aspecto especializado del derecho. Aquí está nuestro agradecimiento, Marcelo, una vez más.

La “delimitación” que ahora surge en Brasil por decisión administrativa de un ente técnico (ANTAQ), en Argentina se encuentra, de manera sana, expresamente en el propio Código Aduanero.

El conjunto de las disposiciones vigentes en Brasil siempre nos impulsó a abogar por la ausencia de responsabilidad de los agentes de aduana frente a los cobros por sobrestadía de los contenedores. La reciente decisión de la ANTAQ confirmó el entendimiento al respecto. El análisis de la ley argentina –adoptada aquí como elemento de estudio comparativo– también señala que el transitario sólo es responsable de la esencia de su actividad, nada más que de las circunstancias relativas al despacho de la carga.

Ab Marcel Nicolau Stivaletti

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