Fim do Acordo sobre Transportes Marítimos entre Brasil e Argentina – (Fin del Acuerdo de Transporte Marítimo entre Brasil y Argentina) – Dr. Marcel Nicolau Stivaletti (desde Brasil)

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Algumas reflexões. Em missiva datada de 03 de fevereiro, a Embaixada do Brasil em Buenos Aires comunicou a denúncia do Acordo à Subsecretaria do Ministério das Relações Exteriores do Mercosul. A notificação produzirá efeito 90 (noventa) dias após sua recepção, nos termos do artigo XIV do diploma internacional.

 

Ao nos depararmos com a decisão, instintivamente pensamos nas empresas de navegação que se valem do tráfego (e do Acordo) entre os países para operar linhas regulares. Outrossim, nos faz rememorar os propósitos expressamente erigidos pelos países em 15 de agosto de 1985: “desenvolver o intercâmbio comercial por via marítima entre o Brasil e a Argentina, assim como o melhor e mais racional aproveitamento da capacidade dos navios de ambos os países; reconhecer a necessidade de assegurar a eficiência e regularidade dos transportes marítimos e a adoção de tarifas de fretes adequadas e estáveis”.

 

As premissas do diploma internacional foram assentadas no patente interesse dos armadores de ambas as bandeiras em transportar as cargas intercambiadas entre os países. Uma medida profícua de salvaguarda e fomento das marinhas mercantes dos países signatários.

 

Em que pese, contudo, a previsão limitando o transporte marítimo entre os países às respectivas marinhas mercantes, nunca foi incomum observar a presença de armadores estrangeiros empreendendo linhas regulares no tráfego Brasil – Argentina.

 

No Brasil chegaram representações à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) noticiando a presença de armadores estrangeiros no âmbito do Acordo.

Embora, num dado momento, a ANTAQ tenha encontrado indícios para o início das apurações, os processos administrativos não lograram o principal desiderato, ou seja, extirpar os transportadores marítimos não autorizados pelo Decreto nº 99.040/1990 – norma que internalizou o Acordo ao ordenamento jurídico brasileiro.

 

Sob o aspecto da omissão regulatória da ANTAQ, o Advogado especialista em Direito Marítimo e Portuário Thiago Miller, sócio administrador da Advocacia Ruy de Miller, pondera que “a Agência Nacional de Transportes Aquaviários não foi capaz de realizar uma fiscalização eficaz contra as burlas recorrentes das grandes armadoras que se valiam de empresas brasileiras «de papel» para a emissão do BL, sem o efetivo transporte. A denúncia do Acordo vai esconder essa falha regulatória”. Significa dizer que empresas autorizadas pela Agência para operar nos termos do Acordo não o faziam efetivamente. Na prática, “ofertavam” sua posição a armadores estrangeiros não legitimados para operar no transporte marítimo entre Brasil e Argentina.

 

Longe de mensurar aqui os sensíveis desdobramentos econômicos da decisão – o que escaparia à nossa alçada – temos que a própria navegação brasileira será afetada.

Além de ferir aqueles que operam regularmente a linha Brasil – Argentina, a denúncia do Acordo terá reflexos, também, na navegação de cabotagem. Segundo Luis Fernando Resano, Vice-Presidente Executivo da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (ABAC), “o fim do acordo impacta a cabotagem, pois as cargas do acordo formam importante volume para aumentar a frequência de escalas em portos brasileiros e investimentos para as empresas brasileiras”.

 

A denúncia não chega a surpreender. A notificação diplomática, de certa forma, explica a passividade diante da presença de estrangeiros no tráfego Brasil – Argentina: “formalizou-se” o desinteresse pela manutenção do Acordo, para o pesar daqueles que até aqui atuaram dentro das regras.

 

Apenas o tempo dirá o tamanho do impacto experimentado pelas empresas de navegação que sobrevivem da linha regular entre os países. Doravante, passarão a concorrer com toda sorte de armadores estrangeiros sem o importante manto do Acordo.

 

Dr. Marcel Nicolau Stivaletti

marcel@miller.adv.br

Marzo 2.021

 

Fin del Acuerdo de Transporte Marítimo entre Brasil y Argentina


Algunas reflexiones. En carta fechada el 3 de febrero, la Embajada de Brasil en Buenos Aires comunicó la denuncia del Acuerdo a la Subsecretaría del Ministerio de Relaciones Exteriores del Mercosur. La notificación entrará en vigor 90 (noventa) días después de su recepción, en los términos del artículo XIV del diploma internacional.

Cuando nos enfrentamos a la decisión, pensamos instintivamente en las compañías navieras que utilizan el tráfico (y el Acuerdo) entre países para operar líneas regulares. Además, nos recuerda los propósitos expresamente erigidos por los países el 15 de agosto de 1985: “desarrollar los intercambios comerciales por vía marítima entre Brasil y Argentina, así como el mejor y más racional uso de la capacidad de los buques de ambos países; reconocer la necesidad de asegurar la eficiencia y regularidad del transporte marítimo y la adopción de fletes adecuados y estables”.

Las premisas del diploma internacional se basaron en el interés patente de los armadores de ambas banderas por transportar la carga intercambiada entre países. Una medida fructífera para salvaguardar y fomentar las armadas mercantes en los países signatarios.

Sin embargo, a pesar de que el pronóstico limitaba el transporte marítimo entre países a las respectivas armadas mercantes, nunca fue infrecuente observar la presencia de armadores extranjeros que realizaban líneas regulares en el tráfico Brasil – Argentina.

Los representantes llegaron a Brasil en la Agencia Nacional de Transporte por Vías de Navegación (ANTAQ) informando la presencia de armadores extranjeros en virtud del Acuerdo.

Si bien, en un momento dado, la ANTAQ encontró indicios para el inicio de las investigaciones, los procesos administrativos no lograron el objetivo principal, es decir, sacar a los transportistas marítimos no autorizados por el Decreto nº 99.040 / 1990, norma que internalizó el Acuerdo. al sistema legal brasileño.

Bajo el aspecto de omisión regulatoria de ANTAQ, el Abogado especialista en Derecho Marítimo y Portuario Thiago Miller, socio gerente de Advocacia Ruy de Miller, pondera que “la Agencia Nacional de Transportes por Vía Navegable no pudo realizar una inspección efectiva ante las recurrentes estafas de la grande armadora que utilizaron empresas brasileñas de «papel» para emitir el BL, sin transporte efectivo. La denuncia del Acuerdo ocultará esta falla regulatoria”. Significa que las empresas autorizadas por la Agencia para operar en virtud del Acuerdo no lo hicieron de manera eficaz. En la práctica, “ofrecieron” su puesto a armadores extranjeros no autorizados para operar en el transporte marítimo entre Brasil y Argentina.

Lejos de medir aquí los sensibles desarrollos económicos de la decisión, que estaría fuera de nuestro alcance, tenemos que la navegación brasileña se verá afectada.

Además de perjudicar a quienes operan habitualmente la línea Brasil – Argentina, la denuncia del Acuerdo también repercutirá en la navegación costera. Según Luis Fernando Resano, vicepresidente ejecutivo de la Asociación Brasileña de Armadores de Cabotaje (ABAC), “la finalización del acuerdo tiene un impacto en el cabotaje, ya que las cargas del acuerdo forman un volumen importante para aumentar la frecuencia de las escalas en Brasil. puertos e inversiones para empresas brasileñas”.

La denuncia no es de extrañar. La notificación diplomática, en cierto modo, explica la pasividad ante la presencia de extranjeros en el tráfico Brasil – Argentina: «se formalizó el interés en mantener el Acuerdo», para pesar de quienes hasta ahora han actuado dentro de las reglas. .

Solo el tiempo dirá la magnitud del impacto experimentado por las compañías navieras que sobreviven en la línea regular entre países. De ahora en adelante, competirán con todo tipo de armadores extranjeros sin el importante manto del Acuerdo.